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Calor extremo já mata mais de meio milhão de pessoas por ano, alertam cientistas

Publicada em: 29/10/2025 20:31 -

O calor extremo e a poluição provocada por incêndios florestais já estão matando centenas de milhares de pessoas por ano em todo o mundo. Segundo o relatório “Contagem Regressiva em Saúde e Mudanças Climáticas”, publicado nesta quinta-feira (24) pela revista The Lancet em parceria com a Organização Mundial da Saúde (OMS), cerca de 546 mil pessoas morrem anualmente devido às altas temperaturas, e outras 154 mil por causa da fumaça dos incêndios florestais.

O estudo, elaborado por mais de 100 cientistas internacionais, faz um alerta global antes da COP30, que será realizada em Belém (PA) em novembro. O documento reforça a urgência de reduzir o uso de combustíveis fósseis e de investir em políticas de adaptação para minimizar os impactos das mudanças climáticas sobre a saúde.

“Com os impactos das mudanças climáticas aumentando, a saúde e a vida dos 8 bilhões de habitantes do mundo estão agora em risco”, enfatiza o relatório.

Ano mais quente da história

O documento mostra que 2024 foi o ano mais quente já registrado, com 12 dos 20 indicadores de riscos à saúde atingindo níveis sem precedentes. Entre 2020 e 2024, as pessoas enfrentaram, em média, 19 dias de ondas de calor por ano, sendo que 16 desses dias não teriam ocorrido sem o aquecimento global.

Situação no Brasil

No Brasil, os números também preocupam. Entre 2020 e 2024, o país registrou 7,7 mil mortes anuais associadas à fumaça dos incêndios florestais e 3,6 mil mortes por calor (média entre 2012 e 2021). A população brasileira foi exposta a 15,6 dias de onda de calor por ano, dos quais 94% são consequência direta das mudanças climáticas.

Além disso, o relatório mostra que 72% do território brasileiro experimentou pelo menos um mês de seca extrema por ano entre 2020 e 2024 — um aumento quase dez vezes maior que nas décadas de 1950 e 1960.

América Latina em alerta

Na América Latina, a temperatura média subiu de forma constante desde os anos 2000, atingindo 24,3°C em 2024, o maior valor da série histórica. Essa elevação fez com que as mortes ligadas ao calor chegassem a 13 mil por ano em toda a região.

Apesar do cenário preocupante, os cientistas destacam que ainda há esperança:

“Construir um futuro resiliente exige transformar fundamentalmente nossos sistemas de energia e reduzir a dependência de combustíveis fósseis”, diz o texto.

A publicação conclui ressaltando que a adaptação às mudanças climáticas não é mais opcional, mas uma necessidade urgente para proteger vidas, reduzir desigualdades e garantir um desenvolvimento sustentável.

“À medida que se aproxima a COP30 em Belém, o Brasil desponta como um farol de esperança e transformação”, afirma o relatório, destacando o potencial do país em liderar ações climáticas que priorizem a saúde e o bem-estar da população.

Jornal da Chapada

 

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