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Ex-presidente da Colômbia Álvaro Uribe é sentenciado a 12 anos de prisão domiciliar

Publicada em: 02/08/2025 08:34 - Política

Foto: Reprodução

 

 

 

A Justiça da Colômbia sentenciou nesta sexta-feira (1º) o ex-presidente Álvaro Uribe a uma pena de 12 anos de prisão domiciliar, que deve começar a ser cumprida imediatamente. Uribe, que governou o país de 2002 a 2010 e foi condenado no início da semana por suborno e fraude processual, agora deve recorrer da decisão.
 

 

Na segunda-feira (28), ele foi considerado culpado pela juíza Sandra Heredia, por obstrução da justiça e suborno de testemunhas, incluindo paramilitares durante o conflito armado no país.
 

 

O documento, de mais de 1.000 páginas, vazou pouco antes da leitura no tribunal, que ocorreu às 16h de Brasília. Além da pena, a sentença deixa o ex-presidente inelegível.
 

 

"O estabelecimento prisional responsável pela vigilância deverá proceder à sua imediata transferência para o seu domicílio, onde cumprirá prisão domiciliar, sendo-lhe efetuados os controles correspondentes", diz a sentença.
 

 

O Ministério Público havia pedido uma pena de prisão de nove anos.
 

 

Uribe, o primeiro ex-presidente condenado na Colômbia, disse nos últimos dias que estava preparando seus argumentos para o recurso.
 

 

"Você tem que pensar muito mais na solução do que no problema. Por isso estou na preparação da argumentação para sustentar o recurso da minha defesa material", escreveu o ex-presidente de 73 anos na rede X, no início da semana, em sua primeira reação à condenação.
 

 

Após a condenação, os advogados dele entrarão com um recurso que será analisado pelo Tribunal Superior de Bogotá. O tribunal terá até 16 de outubro para decidir se mantém a condenação ou anula a decisão.
 

 

O caso pelo qual o político foi condenado começou em 2012, quando ele processou o senador Iván Cepeda. Em 2018, o tribunal reverteu a decisão e começou a investigar Uribe por adulteração de testemunhas.
 

 

Uribe chegou a receber ordem de prisão domiciliar em 2020, quando a máxima instância da Justiça colombiana avaliou que sua liberdade poderia atrapalhar o curso da investigação. À época senador, ele renunciou ao cargo em uma estratégia que transferiu o caso para a Justiça comum, que suspendeu a ordem de prisão e reiniciou o processo.
 

 

Ele, que sempre defendeu sua inocência, diz que as acusações são uma "vingança da esquerda" e de antigos aliados que se tornaram inimigos. O político afirmou que está sendo alvo de uma perseguição política e que sua condenação poderá impactar negativamente a direita conservadora nas eleições presidenciais de 2026.
 

 

O processo culminou no que foi chamado de "julgamento do século" pela imprensa local, resultando na condenação do ex-presidente, que ouviu o veredito de casa.
 

 

"Estamos interessados na verdade, não em vingança", disse Cepeda em uma entrevista. "A independência da segunda instância deve ser respeitada e Uribe não pode, neste momento, usar sua influência e seu poder para tentar pressionar os juízes novamente."
 

 

Durante a sessão, Uribe chegou a se exaltar com a juíza, após ela dizer que os filhos do ex-presidente seriam os responsáveis pelo vazamento da sentença antes do horário de leitura. O partido de Uribe, Centro Democrático, reagiu.
 

 

"O ex-presidente Uribe expressa seu firme e enérgico protesto contra esta mais recente violação, que viola não apenas seus direitos, mas também os de seus filhos. O advogado de defesa, Dr. Jaime Granados, foi claro e categórico em resposta à alegação infundada do juiz: nem os filhos do ex-presidente nem sua equipe jurídica vazaram a decisão para a mídia", disseram em nota. O partido marcou uma manifestação em apoio a ele para o dia 7 de agosto.
 

 

"São 1.114 páginas para condenar um inocente. 'O Processo', de Kafka, é brincadeira perto da imaginação dos que odeiam Uribe", escreveu a senadora María Fernanda Cabal. "Enquanto um guerrilheiro indultado está no poder, o melhor presidente da história da Colômbia ficará preso por crimes que não cometeu."
 

 

Sem mencionar o caso, a conta oficial da Presidência da Colômbia, no X, publicou que "o presidente Gustavo Petro reitera que este governo defende a independência da Justiça e não exerce pressão sobre as suas decisões".
 

 

À imprensa colombiana, um dos filhos de Uribe, Jerónimo, disse que a prisão do ex-presidente é parte de uma estratégia de Petro e se trata de um "lawfare [perseguição judicial] da extrema esquerda".
 

 

"Isso, com todo o respeito ao senhor Jerónimo, é uma calúnia. Minha estratégia não é condenar Uribe, é libertá-lo. Quem construiu a estratégia para a condenação do ex-presidente Álvaro Uribe foi o próprio ex-presidente, que iniciou o processo denunciando Iván Cepeda e, depois, ao renunciar ao Senado, se colocou nas mãos da juíza", respondeu Petro em sua conta no X.
 

 

O ex-presidente Iván Duque publicou nesta sexta-feira um vídeo no qual afirma que um grupo de apoiadores vai solicitar a tribunais internacionais que se manifestem a respeito da condenação. "Tratados de direitos humanos foram violados e não há uma única prova que justifique uma condenação. Uribe é inocente", afirmou.

 

 

 

Por Bahia Notícias

 

 

 

 

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