Compras em supermercado Crédito: Valter Campanato/Agência Brasil
Arroz, feijão, ovos e carnes continuam sendo os alimentos mais consumidos pelos brasileiros. No entanto, com a alta no preço dos itens, outros sete alimentos do dia a dia estão ficando de fora da lista do mercado. É o que aponta os dados da pesquisa "Ouro na Prateleira", da Reds Research, empresa especializada na Indústria de Bens de Consumo.
De acordo com o levantamento, conduzido entre os meses de maio e junho deste ano, a população tem priorizado o básico. “Produtos como açúcar, laticínios, óleos e sucos industrializados foram os mais abandonados, não apenas por questões financeiras. Para 62% dos consumidores, a busca por uma alimentação mais saudável também pesa na decisão, especialmente na hora de eliminar sucos prontos e alimentos ultraprocessados”, destaca Karina Milaré, CEO da Reds e líder da pesquisa.
O empreendedor Edinilson Teles, 42 anos, de Camaçari, na região metropolitana, cortou alimentos que não são considerados essenciais, tais como danones, pizzas, geleias, salgadinhos e biscoitos recheados. “São alimentos que não vamos necessitar ou passar a necessitar. Nossa estratégia para economizar é essa”, diz. Além disso, ele e a esposa deixaram de fazer o mercado por mês. Agora, a ida acontece quinzenalmente. “Utilizando a estratégia de verificar o que a gente mais consome para poder fazer uma compra equilibrada”, afirma.
A mudança de comportamento afetou também o local de compra, visto que 53% dos entrevistados passaram a comprar em atacadões, enquanto 70% aderiram a marcas próprias ou genéricas. Além disso, 64% reduziram gastos com lazer, roupas e restaurantes, e 40% buscaram uma renda extra para lidar com o aumento de custos. Para Karina, esses números mostram uma reação em cadeia do impacto da inflação na vida dos brasileiros.
“Os atacadões oferecem uma condição diferenciada de preço a partir de certa quantidade, além de oferecer marcas que a gente não encontra no mercado tradicional. Tem várias marcas de um determinado produto”, diz Edinilson. O leque de opções ajuda na hora de escolher os produtos mais baratos. “É um cenário desafiador, principalmente para famílias que não têm uma condição financeira favorável. Conseguir equilibrar alimentações e todos os insumos para dentro de casa, conciliar preço e qualidade, sem ter renda favorável é muito complicado”, pontua.
Para Selma Magnavita, presidente da Associação das Donas de Casa do Estado da Bahia (ADCB), a troca por alimentos mais baratos é comum na hora de economizar. “É importante ter atenção na hora de trocar os alimentos para saber se eles realmente cumprem a função do alimento que encareceu, para conciliar o preço com a qualidade do produto”, diz.
Segundo o levantamento, alguns prazeres continuam tendo espaço: 33% dos entrevistados pretendem consumir mais chocolate nos próximos meses, apesar de 31% considerarem o item caro. O mesmo acontece com o café, cujo consumo deve aumentar para 44% dos entrevistados, com destaque para as classes mais baixas, nas quais o índice sobe para 56%.
Outra constatação foi que a nova rotulagem nutricional também influencia o que vai para o carrinho. Isso porque 75% dos consumidores já trocaram algum produto por outro mais saudável, depois de ler alertas como “alto teor de açúcar” na embalagem e 61% afirmam que estes alertas são importantes para tomar decisões de compra.
Do ponto de vista nutricional, esse é o dado positivo. “Esses alimentos (alto teor de açúcar) são aqueles que chamamos de ultraprocessados, ou seja, que possuem uma grande quantidade de açúcar, gorduras saturadas e trans, sem falar nos aditivos químicos, como é o caso dos biscoitos recheados, refrigerantes, tortas doces etc e pobre em nutrientes, por isso fazem tão mal para a nossa saúde”, explica a nutricionista clínica Carine Oliveira.
Nem todos os alimentos com o alerta, no entanto, precisam ser evitados. “As geleias de frutas e pasta de amendoim podem fazer parte da nossa alimentação, sem trazer grandes prejuízos para a nossa saúde quando consumidos em pequenas quantidades e combinados com outros alimentos”, finaliza.
Por Correio24horas