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Durante a apresentação do SUV compacto Tera, em maio, a Volkswagen anunciou sua ferramenta de IA (Inteligência artificialgenerativa, chamada Otto.
Com lançamento previsto para o segundo semestre, o simpático avatar, que remete à primeira geração da Kombi, poderá responder perguntas que não se limitam às funções do carro, além de aprender com os questionamentos e hábitos do motorista. Recursos desse tipo, contudo, são apenas espuma em um mar de possibilidades.
As principais aplicações de IA no setor automotivo brasileiro devem contemplar a segurança viária. Um trabalho conduzido pela UFF (Universidade Federal Fluminenseem parceria com o Inmetro (Instituto Nacional de Metrologia, Qualidade e Tecnologiapretende fazer o automóvel se comunicar com outros veículos, pedestres, infraestrutura viária e sistemas de gestão de tráfego.
A tecnologia que permite a conectividade foi desenvolvida pelo CPQD (Centro de Pesquisa e Desenvolvimento em Telecomunicações). Gustavo Correa Lima, gerente de Soluções de conectividade da organização, diz que as informações do usuário são protegidas por algoritmos criptográficos.
O funcionamento do sistema depende da estabilidade e disseminação da rede de telefonia 5G, mas trata-se de um primeiro passo. Informações de trânsito em tempo real, atualização de rotas, avisos sobre interrupções nas vias e diagnósticos remotos de problemas nos carros são algumas das possibilidades.
Na China, a Xiaomi tem avançado em soluções conectadas. Seu primeiro carro, o sedã SU7, está apto para rodar sem motorista em cidades que tragam toda a infraestrutura necessária para isso. Entretanto, são necessários mais testes e validações.
No setor de frotas, a inteligência artificial pode ajudar a reduzir os custos da operação, e não apenas com a otimização de rotas.
"A manutenção de veículos de frota era feita com base na quilometragem ou em inspeções periódicas. Agora, os sensores IoT [sigla em inglês para "internet das coisas"] e a IA analisam o desempenho de cada veículo em tempo real, prevendo falhas antes que elas ocorram", diz, em nota, Paulo Guimarães, CEO da MaxiFrota.
O cruzamento de informações permite ao sistema analisar se uma peça tem desgaste anormal e acelerado. O motivo do problema pode estar na forma como o veículo é conduzido, e aí entra outra funcionalidade: o monitoramento dos motoristas.
Victor Cavalcanti, CEO da Infleet, desenvolvedora de tecnologias para gestão de frota, cita como exemplo o uso de câmeras conectadas a sistemas de análise de comportamento. O equipamento é capaz de detectar o uso de celular ao volante e, automaticamente, enviar um alerta ao motorista.
Entretanto, há questões legais. A implementação de sistemas de IA para gerenciamento de veículos deve estar alinhada com a LGPD (Lei Geral de Proteção de Dados).
"É fundamental obter o consentimento claro dos titulares dos dados, incluindo motoristas e usuários dos veículos. As empresas devem informar de maneira transparente sobre quais dados são coletados, como são utilizados e com quem são compartilhados", diz Victoria Luz, consultora de IA para negócios.
"Além das medidas técnicas, é fundamental adotar boas práticas operacionais para garantir a proteção contínua dos dados, como, por exemplo, treinamento, conscientização e auditorias regulares."
No setor de compra e venda, as soluções de IA ajudam a precificar modelos. Recém-chegada ao Brasil, a dinamarquesa Autorola lançou a ferramenta Indicata, que analisa mais de 600 mil anúncios online diariamente.
O objetivo é fornecer relatórios para lojistas sobre a dinâmica do mercado de usados, com indicações dos carros de melhor liquidez, histórico do veículo, o tempo médio em que um carro está à espera de um comprador e quais são seus concorrentes, entre outras informações.
"Com essas informações em mãos, o revendedor consegue estabelecer seu preço seguindo o que está ali [na pesquisa feita com uso de inteligência artificial] ou colocando uma oferta condizente com a sua visão [do mercado]", diz Marcelo Barros, diretor geral da Autorola no Brasil.